quinta-feira, 15 de março de 2007

23

Não tenho escrito muitas poesias, mas tenho vivido pequenas. Os 23 bateram em minha porta e quando percebi, não tinha mais como fechar. Sai correndo pelos becos do meu consciente procurando ser inconsciente diante da novidade de março de 1984, que se repetia todos os anos religiosamente, mas mesmo no cantinho escuro, mais perto do coração do que da mente, eles me acharam. Cansei de ser ninguém, mas também não caminharei como 23. Vou ser eu mesmo. Fernando que já nasceu Pessoa e Buarque que já Chico brasileiro fazem parte da minha vida. Jorge Luís Borges que já não enxerga e muito vê, não quis mais viver. Talvez tenha caído aqui por engano.
Despedidas aumentam cada vez mais. Não é injustiça que as pessoas vão embora, injustiça é querê-las sempre ao nosso lado. Coisa de egoísta, ser humano. Sou um extremista. Os vincos começaram a aparecer em minhas faces e a mais feliz é a que desenha um leve sorriso. Talvez seja porque percebo que as montanhas também envelhecem, porém seus vincos são paisagens. Prepotência dos anos. A verdade é que lutei, enverguei, sangrei de tanta teimosia, mas a cronologia do tempo me fez assim. Sou um e eles são sete, que se formam um, mais três ou quatro formam mês. O ano são doze. Vinte e três gigantes.